sexta-feira, 1 de março de 2013

Deus



Desde que não ofenda ou ultrapasse direitos de terceiros ou de minorias, a todos é livre o exercício de qualquer manifestação religiosa, que não ofenda ou provoque as demais crenças existentes ou o ateísmo. O Brasil é um Estado laico.
 Viva e liberdade de escolha.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Rambo



Esse é o Rambo, meu cão Vira-lata. Tem idade desconhecida. Minha tia pegou o coitado quando estava mal tratado e jogado na rua. Antes dele vir para minha família o pobrezinho já havia sido atropelado, mordido por cobra e ainda apanhava do “dono”. Sofreu tanto que passou quase a vida toda com medo de tudo. Não podia ver uma lagartixa que logo enfiava o rabo entre as pernas e saia de orelhas baixas. Chegou lá em casa tão magro que quase não se aguentava em pé, e foi só com muito amor, cuidado e dedicação que ele voltou a ter autoestima, confiança na raça humana e amor próprio. Hoje está mais gordo que uma porca e adora latir para o lixeiro, e se você sentar perto dele está arricado a levar uma unhada no braço que significa “quero carinho”.
De acordo com o veterinário, Rambo deve ter entre 12 e 14 anos de idade. Ele tem um câncer benigno na barriga, nasceu uma espécie de bola que cresce e que não pode ser operada por risco de morte na cirurgia. Mas com todos os problemas passados e presentes ele é um cão feliz. Vive num lar onde todos o amam, tem um companheiro também cachorro pra brincar – o Tobinho – e é paparicado o dia todo.
Rambo torce pelo fluminense, é socialista, católico apostólico romano (apesar de nunca ter sido batizado e nem ter feito primeira comunhão), gosta de Julio Iglesias e de alguns nomes da MPB. Não acompanha novelas, mas acha a Malu Mader uma coroa interessante, "da pra pegar", me confidenciou dia desses.


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Vampiro Capitalista

Alguém sente saudade do passado “mutante” de Cronenberg?
Eu até que curto aqueles temas mais filosóficos da “juventude cinematográfica Cronenberguina”, onde víamos as perversões sexuais levadas ao extremo no ótimo “Crash – estranhos prazeres”, ou no perturbador e angustiante “eXistenZ”, em que uma programadora de jogos cria uma porta com base na espinha das pessoas e passa controlar vidas humanas. Surrealismo, fantasias bem filmadas e roteiros antinaturais que nos faziam passar por um portal e seguir em um mundo abstrato, bizarro e novo.

Mas Cronenberg mudou radicalmente nos últimos anos, sua obsessão parece ter mudado do surrealismo bizarro para o gênero em que mal uso do poder gera inevitáveis conseqüências, como aconteceu nos ótimos “Marcas da Violência”, “Senhores do Crime”e “Um método perigoso”.
E agora em 2012, para quem sentia saudade, a loucura novamente se apoderou da mente do diretor, e seu novo trabalho é um tanto difícil de digerir. “Cosmopolis”, trás o badalado Robert Pattison na pele de um milionário jovem que transforma sua limusine numa espécie de escritório móvel e faz um tour de um lado ao outro da cidade com o objetivo de cortar o cabelo. No lado de fora e ao redor do seu carro está todo reflexo de um sistema capitalista que transforma a maioria da população no extremo oposto do que um jovem milionário é. Porém a limusine blindada e totalmente segura de qualquer invasão o deixa a parte de qualquer manifestação ou perigo.
Com diálogos ora inteligentes, ora surreais, Cronenberg mostra o vazio existencial do jovem dentro de um universo só seu,  livre do perigo que seu próprio dinheiro criou e preso em um cárcere com todas as tecnologias e regalias que o dinheiro pode comprar.
Apesar de jovem e milionário o personagem de Pattison é medroso, teme o exterior da sua jaula, vive imerso em uma profunda apatia e sofre de síndrome do pânico. Um mundo aparentemente perfeito que as pouco, bem aos poucos, está se desmoronando por alguns simples erros. É uma metáfora sobre o capitalismo do século XXI.

domingo, 11 de novembro de 2012

Para Moisés Moraes Filho, outra vez!

Não posso dizer, como a maioria dos torcedores, que tive somente um time desde que nasci, ou seja, não sou Fluminense desde sete de Janeiro de 1975. Meu pai é Botafogo, e como o via e ainda o vejo como herói, como o homem mais completo que já conheci, tive uma infância botafoguense, com direito inclusive a ser fotografado quando criancinha com a camisa alvinegra de estrela amarelada no peito. Alias, pra ser mais verdadeiro, ainda tenho um pedacinho do coração botafoguense, e onde está escrito que não podemos torcer por dois times?
Contudo, hoje sou Fluminense. E isso graças a outro grande homem: meu vovô Moisés.
Locutor da mais popular estação de rádio de Nova Friburgo e dono de um carisma sem igual, vovô Moisés foi o responsável pela minha virada de casaca aos cinco anos de idade, quando o Fluminense conquistou mais um de seus inúmeros títulos estaduais.
Vovô era o cara que puxava as carreatas da cidade quando o Flu era campeão, íamos num caminhão com uma imensa bandeira tricolor a balancear pelos ares; eu pequenino agarrado nas suas pernas pra não cair, ele de pé, com um microfone nas mãos a proliferar sua belíssima voz, ora gritando para os transeuntes para juntarem-se a nós, ora cantando o hino do clube. Era impossível não ser Fluminense. Vovô me fazia ver aquelas três cores como um passaporte para a felicidade, ouvir aquele hino como uma música de uma guerra já conquistada. Éramos campeões e superiores sempre. Na minha cabeça tudo relativo ao Fluminense era mais bonito.
Quando vovô foi para o céu uma parte de meu “eu” torcedor também se foi. Nunca abandonei meu Flu, mas a alegria já não era a mesma de antes.
Hoje, nos momentos finais do jogo,  voltou àquela mesma alegria dos tempos da torcida em companhia de vovô, parecia que ele estava aqui em Niterói comigo, revirando e massageando as próprias mãos e estalando os dedos num nervosismo sem fim, de um jogo batalhado que custa a terminar, e aí, no apito final do árbitro, vinha aquela espontânea gargalhada de "eu sabia"; e ele vinha me abraçar.
Lembrei de muita coisa. Ontem foi dia especial na terra e no céu. Obrigado meu Flusão, muito obrigado vô Moisés, hoje vocês me fizeram derramar lágrimas.
Ps. Parabéns mais que especial ao meu irmão Cris, tricolor apaixonado e hoje orgulhoso.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A que amava B que amava C que amava A

Sei que sou um pouco exigente em relação a cinema, para eu comprar uma entrada tenho que ter quase certeza de satisfação garantida. Em TV a cabo e filmes baixados na Internet é a mesma coisa, não perco meu tempo com bobagens e já perdi a conta das vezes em que abandonei um filme pela metade. Gosto de todos os gêneros, com exceção daquelas comédias românticas estadunidenses (acho um saco), mas dessa vez fui surpreendido com uma.
Sinceramente não sei porque cargas d'água baixei “Amor a Toda a Prova”, pois além do título ser ridículo (no original também é ruim “Crazy Stupid Love”), a direção é desconhecida. Pode ter sido o pôster que alfinetou meu fetiche por pés, onde uma perna feminina dentro de um lindo scarpin preto parece intimidar um homem indefeso, ou mesmo o elenco coadjuvante, que conta com o talento de Juliane Moore, Kevin Bacon, Ryan Gosling entre outros. Não sei, mas baixei e acabei assistindo. Adorei!
O filme se trará de uma comédia romântica que parece feita para homens, são os problemas masculinos que vão dar vida nas duas horas de filme.
Cal Weaver é um homem casado cuja esposa, do nada, pede o divórcio e diz que transou com um colega do trabalho. Desolado e infeliz ele passa a freqüentar pubs, perturbando a todos, choramingando que é corno e se afogando no álcool. É quando conhece Jacob Palmer (exemplarmente interpretado por Gosling), maior pegador de mulher do local, que sente pena do fracasso de Cal e se compromete em ajudá-lo a virar também um pegador.
Vocês podem estar achando que já viram alguns filmes com roteiro parecido antes, mas não se enganem, é uma história boa e nova, com alguma nostalgia dos antigos filmes românticos dos EUA dos anos 50 e 60.
Com bom humor sobre as desgraças pessoais do homem comum, o filme  inclui um olhar aprofundado e às vezes até amargo sobre o amor não correspondido, sobre a crença da existência de uma alma gêmea,  do medo do envolvimento afetivo, da insegurança. É uma montanha russa de momentos dramáticos, tocantes e engraçados, tudo tratado com muita habilidade para que nada saia dos trilhos ou pareça banal.
No seu gênero, é sem dúvida o melhor filme do ano, já virou clássico, mas não sabe.